quinta-feira, 30 de julho de 2015

Os egos ou o nosso “lado lunar”







Todos nós temos um “lado lunar”, um lado sombrio. Todos nós somos a soma desses dois lados, o positivo e o negativo.

Não adianta esconder, mais tarde ou mais cedo ele se revelará. A maior parte das pessoas pensam que se conhecem, pensam que tem o perfeito controlo das suas emoções. Mas, postas à prova numa situação à qual não estão preparadas, tudo muda.

Somos todos boas pessoas até ao dia em que nos salta a tampa e estragamos tudo…

Todos temos em grau maior ou menor um pouco de inveja, ira, avareza, gula, preguiça, soberba e luxuria, que são na tradição Cristã, os 7 pecados mortais. Os antigos egípcios chamavam-lhes de “demónios vermelhos de Seth”. Eu prefiro chamar de egos, eus ou defeitos psicológicos.

Não pretendo de maneira alguma dar alguma lição de moral ou de bons costumes, apenas falar da minha experiência em relação ao meu “lado lunar”, dissertando sobre este assunto.

Dizem os entendidos que a maior parte da humanidade tem a consciência desperta em apenas 3%. Bastava que tivéssemos 10% de consciência desperta para deixar de haver guerras no mundo. Ou seja 97% da nossa consciência “dorme” profundamente. Embora possamos parecer acordados, estamos apenas a viver consoante a ditadura dos meios de comunicação social, das modas, dos vícios, das políticas economicistas e de milhentas outras coisas que servem apenas para nos distrair e manter-nos fora da nossa essência, impedindo o verdadeiro despertar da nossa consciência.

Basta abrir a TV em qualquer um dos canais para vermos programas que são única e simplesmente para adormecer ainda mais as consciências. Basta ir a um banco para nos impingirem todo o tipo de empréstimos e cartões de crédito. Se temos um mal físico ou psicológico, entopem-nos de remédios.  Enfim, a ideia geral é ficarmos em “sono profundo”, dependentes de qualquer coisa, enquanto estamos “agarrados” seremos sempre escravos e alimento de algum interesse económico.

Para além das inclinações e aspetos psicológicos mais negativos ou não que já vêm connosco desde o nosso nascimento, temos durante a nossa vida uma sociedade que nos vai moldando consoante a época em que nascemos. Todas estas “distrações” são um campo propício para se desenvolver em nós aspectos mais negros, mais negativos.

Todos nós temos uma máscara que em maior ou menor grau vai sendo utilizada para disfarçar os defeitos ou egos. Em certos indivíduos essa máscara já se confunde com a propria pessoa. A dada altura já não se sabe qual a verdadeira personalidade. Para essas pessoas é muito difícil aceitarem que são por exemplo invejosas ou egoístas.

O primeiro passo é precisamente aceitar que temos defeitos para de seguida identifica-los. Para isso é necessária muita auto-observação e auto-crítica.

Se ao invés de olharmos para o nosso vizinho do lado, invejando-o ou comentando o que tem ou o que fez, olhasse-mos para o nosso interior, aprendendo como se movem os nossos pensamentos, observando-os mas deixando-os passar sem lhes dar grande importância, lucraríamos muito mais. O ego serve-se de mil e uma estratégia para nos levar a dizer e a fazer coisas que  num estado mais desperto não o faríamos.

Quando estamos irritados e não temos paciência para “aturar” o marido, a esposa, os filhos, os nossos colegas de trabalhos ou simplesmente um cãozinho que está a passar ao nosso lado, a solução passa muitas vezes por tentar ir ao porquê dessa irritabilidade, o que me motivou a estar assim? Porque agi deste modo? Se queremos que essa irritabilidade não passe para um estado de ira pura, devemos de observar o nosso interior.

A meditação é a melhor ferramenta para fazer esse auto-estudo diário. Não é necessária nenhuma posição especial, basta estarmos sentados ou deitados num sítio calmo e fechar os olhos, fazer umas respirações profundas e tentar acalmar a mente. Com o corpo e a mente calma, podemos rever o nosso dia (de trás para frente, ou de frente para trás), identificando um ou outro momento menos bom, em que notamos que não fomos muito corretos com alguém. Basta escolher um episódio. A ideia é procurar explorar onde se originou esse problema com essa pessoa. Como que numa espécie de auto-regressão, tentar ir mais atrás no tempo e procurar outros episódios com essa pessoa, de certeza que se vai encontrar a origem, o que causou o início do problema. Identificada a origem do problema, pedimos perdão. Como que em forma de oração pedimos perdão à pessoa lesada e se formos crentes, pedir perdão a Deus. O ideal seria falar diretamente com a pessoa em questão, despir-nos dessa máscara, e pedir-lhe perdão com sinceridade.

É um exercício simples mas ajuda a autoconhecermo-nos melhor e ajuda-nos a que uma próxima vez tomemos consciência para que não caiamos no mesmo erro anterior.

Não devemos nunca negar os nosso defeitos ou egos, nem botar uma maquilhagem para os disfarçar, nem os colocar dentro de um caixote, nem os reprimir. Um dia, quando menos esperarmos eles sairão com muita mais força. É com uma panela de pressão, se a taparmos totalmente, ela rebenta! e as consequências podem ser muito desagradáveis!!!

Não é por acaso que existem assassinos, pedófilos, violadores, ladrões e outro tipo de malfeitores. Esses são apenas indivíduos que alimentaram em demasia os egos, tornando-os como seus, divinizando-os. Não souberam na devida altura aprender com os erros. As oportunidades foram-lhes postas à frente e não as aproveitaram para se conhecerem melhor.

O erro, a falha, a manifestação de um ego, são a oportunidade sagrada para melhorarmos. Só caindo nos podemos levantar, Só errando, podemos aprender. 

Aceita-te como és, mas procura melhorar a cada dia que passa…
Paulo Pascoal


domingo, 26 de julho de 2015

ESCRAVOS

ESCRAVOS

Nos tempos da Roma antiga
A escravatura era bem definida.
O amo era  cidadão,
O escravo não tinha nação.

Nos tempos da "Roma" moderna,
A escravatura é a mesma,
Patrões e políticos
Juntam-se ao poderio dos ricos

Nos tempos da "Roma" moderna
Somos escravos do consumismo
Até numa simples taberna
Bebemos sem realismo.

Criam-se necessidades
Como pão pra boca,
Alimentam-se vaidades
Nesta sociedade oca.

Tudo é negociável
Nesta sociedade consumista,
Desde os concursos, ao cartão reutilizável
Do crédito capitalista.

São as tentações modernas
De uma "Roma" falida, sem vida,
Sem valores,  sem sabor e sem guarida,
Sem dignidade,  como um galo sem penas

Paulo Pascoal
26/07/2015


segunda-feira, 13 de julho de 2015

O poder do som e da palavra

O poder do som e da palavra


“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.
Tudo foi feito por ele; e nada do que tem sido feito, foi feito sem ele.
Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.
(João 1:1-4)

A palavra, o som e Deus estiveram juntos e estarão até à eternidade. Imaginemos o “Big bang”, aquela primeira explosão de partículas que motivou e iniciou a criação de todo o universo, ter o início num som, numa vibração tal, que despoletou aquele explosão de energia, luz, som e Amor puro. É como que se Deus tivesse de repente dado um grito e soltasse toda a sua energia para o infinito. Através de um som primordial, surgiram do nada e durante milhões de anos,  planetas, estrelas, galáxias, vida vegetal, animal e humana, visível e invisível.
Através deste som, desta vibração primordial Deus criou o Universo. Tudo o que existe vibra a uma frequência determinada. Há apenas formas mais densas ou menos densas, consoante sua vibração.
É por isso que em toda a nossa história humana o som esteve sempre ligado ao transcendente, à espiritualidade. Os povos e religiões antigas sabiam utilizar esses sons para curar, orar, meditar ou simplesmente para divertimento.
O hinduísmo, o budismo  e outras religiões orientais utilizavam e utilizam o mantra :


  “O mantra é uma fórmula mística e ritual recitada ou cantada repetidamente. A palavra provém do sânscrito e tem muitas diferenças sutis de significado “instrumento da mente”, “linguagem divina” e “linguagem da fisiologia espiritual humana” são apenas algumas de suas conotações. Os mantras originaram-se do hinduísmo
Os místicos praticam a palavra mágica há milénios. Para algumas escolas, principalmente as de fundamentação técnica, o mantra pode ser qualquer som, sílaba, palavra, frase ou texto, que detenha um poder específico. Existem mantras para facilitar a concentração e meditação, mantras para energizar, para adormecer ou despertar, para desenvolver os chakras ou vibrar canais energéticos a fim de desobstruí-los.”
http://despertarcoletivo.com/a-importancia-dos-mantras/



Nas religiões do ocidente, principalmente as Cristãs, o som era e continua a ser utilizado através essencialmente da música. A música religiosa de compositores como Bach, Haendel, Mozart ou Beethoven, entre outros, doada ao mundo, são intemporais e o som que dela sai, transporta-nos imediatamente para o transcendente, para um estado de espiritualidade e comunhão com Deus indescritível, precisamente porque eles(compositores) tinham o domínio do som e do efeito que ele nos faz.
Nas religiões Cristãs, a palavra, o som, também é utilizada em orações. Ao fazermos uma oração expontanea, decorada ou lida, estamos a conecta-nos com o Divino, com o Todo. Se o fizermos com uma intenção pura, desprovida de interesses egóicos, com fé, essa ligação com o Divino será possível. Uma paz e uma calma profunda invade-nos, sossegando a nossa alma. 
Actualmente já há estudos científicos que confirmam o que outros em tempos passados já sabiam pela intuição, que o som e a palavra são de um poder extraordinário.


Livros sagrados como: A Bíblia, o Alcorão, os Vedas, o Torá, entre outros, são a prova viva da força da palavra, do som. São livros que sobreviveram, alguns mais de 5.000 anos, deixando-nos amplos conhecimentos para a evolução interna do ser humano e grandes mensagens de Amor. 


Hoje, graças a uma investigação profunda e interna feita por esses mestres, temos nas nossas mãos ferramentas importantíssimas que nos ajudam no auto-conhecimento, na auto-cura, espiritualidade e no Amor ao próximo.

P. Pascoal


“A palavra, junto com o poder da vibração é capaz de criar, curar e também destruir. A teoria indica que quando focalizamos nossa mente em algo, e a isto somamos sentimento e emoção, para finalmente expressá-lo, [aquele algo] estamos exteriorizando e materializando um poder, [um agente] que poderá afetar os reinos da matéria.

Se cada um de nós fossemos conscientes de que a energia liberada em cada palavra, afeta não somente aquele a quem nos dirigimos mas, também, a nós mesmos e ao mundo que nos rodeia, começaríamos a ser mais cuidadosos com o que dizemos (e pensamos). …”

HUNTER, Brad. El Poder de la Palabra, 2009.









quinta-feira, 9 de julho de 2015

O Todo e as partes


O Todo e as partes

Quando olhamos para um pedaço de copo partido, podemos saber ou ter uma ideia do real formato daquele que foi um copo inteiro, mas nunca teremos bem a certeza desse formato na sua totalidade. Em relação às religiões aplica-se algo similar. Quando olhamos para elas em separado, podemos ter uma ideia de Deus, um vislumbre do Todo, mas não é o Todo.
Deus está para além de qualquer religião. As religiões são o berço da espiritualidade humana. Foi graça a elas que a humanidade cresceu na espiritualidade. Também foi graças às religiões que a humanidade cometeu e continua a cometer os crimes mais hediondos. Quando por orgulho achamos que a nossa religião é melhor que a do vizinho e por causa disso matamos, criticamos e menosprezamos as outras religiões e credos, estamos precisamente a olhar(egoicamente) apenas do ponto de vista dos “pedaços partidos do copo”.
A espiritualidade está intrínseca em nós, somos seres naturalmente vocacionados para a busca interna, para o transcendental. É apenas uma questão de tempo. Muitos de nós(humanos) ainda não chegamos lá, ainda não despertamos esta vocação para a espiritualidade, mas chegará o tempo em que isso irá acontecer.
Penso que se formos “beber” um pouco a todas as religiões, encontraremos respostas a muitas questões espirituais. O simples facto de admitirmos que a nossa alma regressa vida após vida para vir aprender aspectos que não aprendeu em vidas anteriores, para vir corrigir erros do passado, para vir fazer o bem, só por si é resposta a muitas questões.
Gradualmente e ao longo da minha existência fui-me apercebendo que as religiões são as pérolas desse colar de Deus. Sozinhas, cada uma tem o valor que tem, ficado por vezes limitadas ou por outro lado sobre valorizadas. Unidas, formando um colar, as pérolas tem mais força. O brilho de umas pode compensar a falta de brilho de outras. Todas elas são importantes para que o colar Deus brilhe na sua totalidade…
Por mais que as religiões sejam diferentes umas das outras,  sempre um ou vários pontos comuns entre elas e são esses pontos comuns os elos de ligação do "colar de Deus"

O Todo será a verdade ou o que intuímos como verdade. As partes ou pedaços, são apenas aspectos dessa verdade, mas nunca a verdade em si mesma.

Um pouco a propósito disto deixo aqui um texto de um autor que gosto muito - Eckhart Tolle:


"A Igreja Católica e outras têm na verdade razão ao identificar o relativismo, a crença de que não há nenhuma verdade absoluta a guiar a conduta humana, como um dos males dos nossos tempos; mas não podemos encontrar a verdade absoluta se a procurarmos onde ela não existe: nas doutrinas, nas ideologias, nos conjuntos de regras ou nas histórias. O que têm todas estas coisas em comum? Todas são constituídas por pensamentos. Na melhor das hipóteses, o pensamento pode apontar para a verdade, mas nunca é a verdade. Esta é a razão pela qual os budistas afirmam: «O dedo que aponta para a Lua não é a Lua.» Todas as religiões são igualmente falsas e igualmente verdadeiras, dependendo do modo que são utilizadas. Podemos utilizá-las ao serviço do ego ou ao serviço da Verdade. Se acreditarmos que apenas a nossa religião é a detentora da Verdade, estamos a usá-la em prol do ego. Usada desta forma, a religião torna-se uma ideologia e cria uma sensação ilusória de superioridade, bem como a divisão e o conflito entre as pessoas. Ao serviço da Verdade, os ensinamentos religiosos representam sinais ou mapas deixados por seres humanos despertos para nos ajudar no nosso despertar espiritual, ou seja, na libertação da identificação com a forma."
Eckhart Tolle (Um Novo Mundo pag 63)


segunda-feira, 6 de julho de 2015

Rezar e meditar


Renovação


   Renovação

 Somos por vezes confrontados
 Com o porquê de aqui estarmos,
 Viajamos, vivenciamos, experimentamos, caímos e aprendemos.
 É um renovar constante,
 É uma constante descoberta,
 É um acumular de experiências.

 Estou certo que os encontros e reencontros
 Com outras almas,
 São mais uma oportunidade
 Para nos renovarmos,
 Tal como a noite precede o dia,
 Tal como a natureza se transforma e recria.
 Tudo neste mundo é uma perfeita sucessão,
 Uma roda viva em movimento,
 Só não vê esta acção, Quem é cego ou jumento.

 Paulo Pascoal Abril 2001