sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Perdão





Perdão


"Não existe família perfeita. Não temos pais perfeitos, não somos perfeitos, não nos casamos com uma pessoa perfeita nem temos filhos perfeitos. Temos queixas uns dos outros. Decepcionamos uns aos outros. Por isso, não há casamento saudável nem família saudável sem o exercício do perdão. O perdão é vital para nossa saúde emocional e sobrevivência espiritual. Sem perdão a família se torna uma arena de conflitos e um reduto de mágoas.
Sem perdão a família adoece. O perdão é a assepsia da alma, a faxina da mente e a alforria do coração. Quem não perdoa não tem paz na alma nem comunhão com Deus. A mágoa é um veneno que intoxica e mata. Guardar mágoa no coração é um gesto autodestrutivo. É autofagia. Quem não perdoa adoece física, emocional e espiritualmente.
É por isso que a família precisa ser lugar de vida e não de morte; território de cura e não de adoecimento; palco de perdão e não de culpa. O perdão traz alegria onde a mágoa produziu tristeza; cura, onde a mágoa causou doença."


Papa Francisco

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Os Relacionamentos




Os Relacionamentos


Somos muito rápidos a formar opiniões e a tirar conclusões acerca de uma pessoa. A mente egóica gosta de rotular os outros, de lhes atribuir identidades conceptuais, de os julgar com severidade.


Todos os seres humanos são condicionados para pensarem e se comportarem de determinada maneira - são condicionados tanto geneticamente quanto pelas experiências da infância e pelo ambiente cultural onde cresceram.


Não é isso que eles são, mas é o que aparentam ser. Quando se emite um juízo sobre alguém, confundem-se as atitudes mentais condicionadas dessa pessoa com a identidade dela, o que, em si, é um comportamento inconsciente e profundamente condicionado. Atribuímos uma identidade conceptual ao outro e ficamos presos, assim como a pessoa em causa, a essa falsa identidade.


Prescindir de fazer juízos não significa que não se veja aquilo que os outros fazem. Significa que se percebe e se aceita o comportamento deles como resultado do condicionamento. Significa que deixámos de construir a identidade de alguém tendo por base esse condicionamento.


E isto liberta-nos, a nós e à outra pessoa, da identificação com o condicionamento, com a forma, com a mente. O ego deixa então de governar os nossos relacionamentos.


Eckhart Tolle (A Voz da Serenidade, pág. 95)

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Permitir o enfraquecimento do ego

Permitir o enfraquecimento do ego


O ego está sempre na defensiva em relação a qualquer tipo de enfraquecimento que percecione. Os mecanismos automáticos de auto-reparação do ego entram em ação para restabelecer a forma mental do «eu». Quando alguém me culpa ou critica, para o ego isso constitui um enfraquecimento do eu, e, portanto, ele vai imediatamente tentar reparar a sua noção enfraquecida de identidade através da autojustificação, da defensiva ou da acusação. O facto de a outra pessoa ter ou não razão é irrelevante para o ego. Ele está muito mais interessado na sua autopreservação do que na verdade. É a preservação da forma psicológica do «eu». Até a atitude, tão normal, de responder aos gritos a um condutor que nos chama «idiota» é um mecanismo automático e inconsciente de reparação do ego. Um dos mecanismos mais comuns é a ira, que causa um aumento temporário, mas de grande dimensão, do ego. Todos os mecanismos de reparação fazem sentido para o ego, mas são, na verdade, disfuncionais. Os mecanismos mais extremos em disfunção são a violência física e auto-ilusão sob a forma de fantasias majestosas.


Uma prática espiritual muito útil é permitir conscientemente que o ego enfraqueça quando estas situações acontecem, sem o tentarmos restaurar. Recomendo que faça esta experiência de tempos a tempos. Por exemplo, quando alguém o criticar, o acusar ou o ofender, em vez de retaliar imediatamente ou de se defender - não faça nada. Deixe a sua auto-imagem diminuída e fique alerta ao que sente lá no fundo quando procede desta forma. Durante alguns segundos, é capaz de se sentir desconfortável, como se tivesse encolhido de tamanho. Depois, é provável que sinta uma grandeza interior que parece intensamente viva. Você não foi de todo diminuído. Na realidade, ficou maior. Pode então chegar a uma conclusão espantosa: quando você é, de alguma forma, aparentemente diminuído e permanece numa não-reação absoluta, ao tornar-se «menos» acaba por se transformar em «mais».


Eckhart Tolle (Um Novo Mundo, pág. 176)